Portugal vai ter eleições antecipadas em janeiro, mas o voto pode complicar mais a negociação política

Portugueses a votos fora de Portugal

Portugueses a votos fora de Portugal Source: iStockphoto

Confira na crônica desta semana do correspondente do Programa Português da Rádio SBS em Lisboa, Francisco Sena Santos.


Tal como a SBS em Português tinha antecipado há 2 semanas, a antes completamente imprevista crise política em Portugal entrou em fase explosiva e o país vai para eleições gerais antecipadas, provavelmente em meados de janeiro.

O ponto crítico foi atingido na última quarta-feira quando os dois partidos da esquerda mais à esquerda, Bloco de Esquerda e Partido Comunista se juntaram aos da direita para chumbar o Orçamento de Estado do governo que nos últimos seis anos tinham viabilizado.


Neste Outubro de 2021, PCP e o BE decidiram derrubar o Governo do socialista António Costa, como em 2015 haviam decidido, associados ao PS, derrubar o Governo às direitas de Passos Coelho. Estes são os factos em toda a sua singeleza. O Orçamento do Estado para 2022 foi um pretexto incidental. O derrube do atual Governo nada tem, portanto, a ver com o conteúdo de um Orçamento que é em tudo semelhante aos seis anteriores, destes se distinguindo apenas até pelo volume acrescido de cedências ao BE e ao PCP. As razões da interrupção da legislatura devem ser buscadas nos resultados das eleições municipais de setembro último, que provocaram, elas sim, a derrocada do ciclo político.


O descalabro eleitoral do PCP e do BE persuadiu estes partidos de que a estratégia de 2015 comportava afinal custos insuportáveis, e de que o Orçamento de 2022 oferecia o ensejo para saltar da ‘geringonça’ (assim foi chamado o entendimento entre as esquerdas em Portugal) em andamento, e retomar o velho discurso de sempre: o PS faz o jogo da direita — fenómeno que foi invisível durante seis anos, mas que agora se impõe, parece, com cristalina evidência.


Portugal vai para eleições antecipadas.

Problema: as pesquisas de opinião antecipam que o cenário pode ficar ainda mais complexo. O PS aparece na frente, mas não se vê que agora volte a procurar pactos à esquerda.Nas direitas PSD e PP estão com grandes turbulências internas. O cenário é de grandes incógnitas.

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